Ah, o Natal em família: a partilha, os jogos, os convívios, as discussões e as brigas. Todos os anos a história se repete, e tudo acaba sempre com juras de que para o ano será diferente.
O Natal é uma altura mágica do ano, mas por muito que seja uma benção termos a família reunida, é quase uma missão impossível a coisa não descambar, com tanta gente junta no mesmo espaço, durante tanto tempo. Acabamos sempre por nos irritar com aquele primo que só fala de dinheiro, o cunhado homofóbico e as “sugestões” constantes da sogra.
Por mais que tentemos arranjar um plano para que toda a gente se consiga manter no seu melhor comportamento, e o planeamento dos lugares da mesa seja idêntico a um jogo de batalha naval, nunca conseguimos evitar que a um certo ponto a conversa azede.
Se não quiser evitar a sua família por completo, neste Natal, aqui ficam algumas dicas para que consiga sobreviver ao Natal em família com mais tranquilidade.
Estamos todos no mesmo barco.
Por muito inspiradoras e harmoniosas que sejam as fotografias que vemos no Instagram dos nossos amigos, ninguém tem um Natal perfeito. Todas as famílias têm dinâmicas complicadas, e os jantares de Natal que vemos nos filmes, estão bem longe de representar a realidade da grande maioria das pessoas.
Todos nós sentimos que o Natal é uma época cheia de obrigações sociais aborrecidas, misturadas com convivência forçada, um pouco de cinismo e hipocrisia q.b. Por isso, quando estiver a ouvir pela milésima vez aquela história antiga do seu pai, ou a cunhada a dizer o quão “educados e inteligentes” são os seus filhos, lembre-se que não está sozinho! Milhares de pessoas pelo mundo fora estão a passar pela mesma coisa, e a revirar os olhos ao mesmo tempo.
Mais vale prevenir, do que remediar.
Um dos grandes fatores que contribuem para a nossa falta de paciência na noite de Natal, é o quão cansados estamos de todos os preparativos. O Natal dá trabalho! Com as prendas, a escolha do que vamos vestir, as decorações, os cozinhados … Tudo isto nos deixa cansados, especialmente se deixarmos tudo para a última da hora.
Faça uma lista de todas as suas tarefas, comece a resolvê-las assim que conseguir, e use a sua experiência dos anos anteriores para prevenir imprevistos. Afinal, este não é o primeiro Natal que passa com a sua família, e muito menos neste mundo.
E embora pareça que de um ano para o outro sofremos todos de amnésia coletiva, e voltamos a repetir tudo o que juramos “nunca mais” no ano anterior, podemos usar esta experiência que já temos, para prevenir situações desagradáveis este ano.
Por exemplo: Se sabe que ir ao centro comercial comprar os presentes na semana antes do natal o deixa louco: não o faça! Compre mais cedo, encomende online (cuidado com os atrasos), ou vá ao comércio local, ou mercados de natal.
Quem sabe, até pode fazer uma breve paragem para uma massagem, antes de ir enfrentar a sua família.
Comunique com o seu par.
Sabia que na Inglaterra, os advogados especialistas em separações chamam à primeira segunda-feira de janeiro o Dia D (Dia do Divóricio)?
Tudo isto por causa da avalanche de pedidos de divórcio que lhes chegam nesta altura. A culpa de quem é? Do Natal!
Para evitar que isto aconteça aí em casa, é fundamental que saibam comunicar. Façam uma lista em conjunto das tarefas, e distribuam. Falem sobre as vossas expectativas e planos para esta época, e acertem no calendários os eventos em que ambos vão participar.
Vai-se a ver, e na volta o seu par quer ir até à casa daquela tia que mora longe no dia 25, e gerar uma discussão de última hora no próprio dia.
Quando não der para aguentar, afaste-se.
Pode não ser o ideal, mas de vez em quando sair para apanhar ar vai ajudá-lo a manter a sanidade mental. Apenas 5 minutos longe da gritaria das crianças é o suficiente para voltarmos a conseguir ouvir o nosso Eu Interior.
Se puder, pense em avanço em alguma técnicas que pode usar quando precisar de se afastar. Pode ir passear o cão, fingir uma emergência de supermercado, ou até, dizer que lhe dói a barriga, e tirar uns minutos na casa de banho.
Use este tempo a sós para se conectar ao momento presente, respirar bem fundo, dizer os seus mantras, e pedir aos seus guias que o protejam.
E quando o problema se chama adolescente?
As crianças são a alegria do Natal … os adolescentes às vezes são a dor de cabeça! Pode ser difícil convencê-lo a deixar o telemóvel longe da mesa, ou até impedir que dê respostas inapropriadas aos familiares mais chatos.
Escolha as suas batalhas! Ficar o tempo todo a ralhar ou com medo do que pode acontecer, pode não ser a melhor forma de gastar a sua energia. É dia de festa para eles também! E por isso merecem ter um bocadinho da liberdade que nós também temos.
Em Caso de Emergência, transforme-os em mobília.
Ninguém se chateia com a mesa que está no meio da sala, certo? Nem com a poltrona ao canto … Então, quando aquele familiar o começar a fazer perder o controlo, olhe para ele como se fosse uma outra peça da mobília: Faz parte da casa, é uma mera decoração, e por isso seria ridículo deixar-se afetar por ele.
Então, respire, mentalize a sílaba OM e siga à risca as instruções:
- Respire profundamente, com calma.
- Coloque os seus pensamentos sobre a pessoa num balão imaginário, e visualize esse balão a voar e a desaparecer no céu.
- Olhe discretamente para a pessoa e visualize-a como se fosse uma peça de mobiliário.
Se a pessoa ainda estiver a falar consigo diga-lhe, com o seu melhor sorriso: “Tens toda a razão”. E, delicadamente, peça permissão para ir encher o seu copo, e escape da situação.
O álcool nunca é solução, mas nestes dias, pode ser uma ajuda.
Lembre-se: Por mais, ou menos, confuso que possa ser o seu Natal, também ele irá passar. Mesmo que não adore a família inteira, existe certamente alguém com quem está feliz por passar este momento em conjunto. Então, foque-se no lado positivo do Natal, e tudo o que não tiver importância daqui por 5 anos, não perca mais de 5 minutos a pensar nisso.